Quando for ver, já foi.




Enquanto conversava com uma pessoa sobre os altos e baixos que tem na intensidade do gostar, ela me confessou que depois de tempos deixando a paixão bater nela decidiu tomar a atitude, muito corajosa por sinal, de largar as ilusões nas quais se prendia, pois apesar do alguém não se mostrar disposto a ama-la e nem a tentar, a moça ainda alimentava planos de viver ao lado dele, então viu que estava mais que na hora de ir deixando seu coração livre de qualquer peso romântico, e as palavras da menina foram essas: “Eu to superando aos poucos, eu não vou esquecer isso agora, mas vou esquecer”. 

E eu percebi que ainda havia um traço de apego, pois é um erro achar que dá mesmo pra esquecer, porque você não esquece. Não porque não quer, mas porque não pode. A não ser que aos setenta e dois anos fique com Alzheimer, que Deus livre disso. Porque as memórias, mesmo que embaçadas e embaraçosas, permanecem. Assim como você lembra a história engraçada, ou nem tanto, que deu origem a escolha do seu nome, você acorda num belo dia e recorda ás vezes com lágrimas, o que te aconteceu há anos.

Então, eu contei a ela que eu me lembrava do primeiro garoto que gostei. Sei que o chamavam de Junior, devia ter o nome do pai, e eu tinha uns dez anos quando nos conhecemos, nós passeávamos de bicicleta todo fim de tarde na pracinha da minha rua, algumas vezes ele levava a irmãzinha dele mais nova, e brincávamos juntos. Eu não sabia muito o que envolvia uma relação, mas decerto que o amei com inocência e pureza jamais vistas. Não houve beijinho nem nada, apenas olhares e risos. Atualmente ele esta casado, tem um filho lindo e é feliz, ainda bem. E eu lembro, mas acredite em mim que quando digo que não dói. 

Comparo esse caso com outro aos dezesseis. W-i-l-l-i-a-n. Que nome charmoso, não é? Ele até tocou guitarra para mim. E eu tenho doces, e amargas, recordações dele. Não nos vimos e nem nos falamos mais, a distancia não é desculpa, mas a uso para dizer que foi por culpa dela que não demos certo, porém não dói como no dia que eu o deixei, apenas sinto falta da amizade estranha dele. Eu ri quando lembrei que eu achava que tanto aos dez anos e nas outras fases, era o fim do mundo quando chegou ao final as páginas dos meus contos de fadas infanto-juvenis. 

Vai passar. Esse machucado vai sarar. Talvez não reste nem saudade, mas sobra nomes como Carlos, Paulo, Leandro, João, etc. Sobra também as músicas que escutava por causa deles, os filmes que os personagens eram eles ao seu ver. E quando você for ver, já foi.




Escrito por: Tatielle Katluryn

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