Sou feminina, não feminista
Sempre que vejo determinada menina me
lembro do triste fim de sua jovem mãe. Em certa noite ao sair de uma festa essa
mulher e um homem foram para um lugar distante do centro da cidade, era um lugar
escuro com poucas casas na redondeza e os dois foram surpreendidos por dois
homens estranhos, eles expulsaram dali o homem que a acompanhava que foi embora
a deixando sozinha com aqueles dois, que a violentaram tanto e depois a
mataram. Eu estava na escola quando soube disso, ela era professora e todos os
alunos saíram enlouquecidos chorando e todos fomos para a casa da sogra dela, e
jamais poderei esquecer o tamanho da dor de todos que estavam ali tentando
entender que ela nunca mais voltaria para nos fazer sorrir.
E sempre quando vejo mulheres que eu sei
que sofreram maus tratos de seus companheiros e nunca o denunciaram e que ainda
continuam com eles, percebo que elas se tornaram fracas aceitando o que não
merecem porque acreditam que não terão alguém melhor.
Além disso, hoje as meninas tem medo de
sair sozinhas na rua seja de dia ou á noite e serem atacadas por loucos que a
forçarão a fazerem o que não querem. Não quero perder minha liberdade, andar
por aí sem me sentir segura, ter que suportar cantadas maldosas e nojentas de
quem se acha no direito de fazer o que quiser só porque é homem.
Mas não se engane comigo porque estou
relatando esses fatos incontestáveis, não sou feminista, sou apenas uma mulher
que não quer ser vista como mero objeto para ser usado quando bem entenderem. Ser
contra a violência não me faz uma ativista dos direitos femininos, me faz ser
somente mais humana e compreensiva com os problemas das minhas semelhantes, que
sofrem todo dia algum dia de assedio na escola, trabalho, rua e demais locais.
Eu levanto a bandeira da paz, aprendi
com Cristo que devo amar as pessoas porque com amor não iremos fazer o outro
sofrer. Com amor não queremos provocar a dor de alguém, queremos cuidar, ajudar
no que for preciso e ser um ombro amigo.
Não se precisa carregar um titulo de
defensora das mulheres para defender o que é certo, já que toda violência é
crime não importando o motivo e a quem é feita e por quem é causada. Se você
gosta do seu corpo sem machucados é porque todo ser humano tem o instinto da
autopreservação, significa que você irá se proteger custe o que custar porque
você automaticamente quer cuidar de si mesmo, e com uma moça não é diferente, você
quer defender quem é porque não suporta se ver sofrer, isso te faz uma humana,
não precisa ser taxada de outra forma.
O que quero dizer aqui é o seguinte:
todos nós somos humanos e mesmo aqueles que maltratam os outros nunca vão querer
sofrer a dor que provocaram, e desse modo fazemos de tudo para protegermos nós
mesmos porque odiamos o sofrimento contra nós, por mais que uns sentem prazer
em fazer o mal ao outro.
E se eu sou uma moça e sei que outras
iguais a mim sofrem violência pelo simples fato de serem do gênero feminino,
vou levantar minha voz para dizer que nenhuma de nós merece isso, e vou além,
como sou humana também me comovo quando vejo algum homem sendo atacado por
simplesmente ser do gênero masculino, eles também sofrem. Sou feminina, não sou feminista.
Nessa triste historia de guerras não
suporto ver alguém chorando, seja homem ou mulher, porque cada um de nós
carrega um mundo só nosso que é destruído quando somos feridos, e isso nos
marca, podemos levar essas cicatrizes para o resto de nossos dias aqui na
Terra, e a dor muda alguns os deixando com mais medo e fazendo-os se trancarem,
enquanto a dor muda outros para a audácia onde com coragem gritam o que
sofreram e pedem justiça.
Porque o vilão aqui não é o homem em si,
mas toda a humanidade que de alguma forma promove a violência e a aceita, já
que nenhum de nós é inocente porque a verdade é que todos nós já machucamos
alguém, seja de forma física, emocional e moral. Nossos erros ecoam e nos
aproximam do abismo, e quando estamos apenas vivendo algo horrível nos acontece
e ficamos imaginando o porquê daquilo ter ocorrido.
Todos fomos vítimas e vilões, todos
temos dor e sofrimento, todos já ferimos e levamos a cura. O que posso dizer
mais é que devemos lutar pela paz, nem tudo está tão perdido assim que não
possa ser concertado, não se concentre somente na sua dor achando que ninguém
te entende e nenhuma pessoa no mundo pode sofrer tanto quanto você, porque não está
sozinha, e não se deixe levar por aqueles que dizem que nenhum homem é bom, talvez
o que mais vemos por aí são esses tipos que não prestam e nos causam amargor, só
que no meio desse lixo tem flores esperando ser colhidas.
A razão de eu ter escrito tudo isso é
dizer a você que está lendo que eu não precisei me afiliar a causa feminista de
luta por direitos iguais para ser ouvida, porque sou tão humana quanto um homem
e isso já é direito meu, entretanto não sou igual a nenhum homem por motivos
biológicos, sociais e pessoais, e isso também é direito meu, e mesmo sabendo
que a violência que nós mulheres sofremos na sua maioria vem deles, eu sou
contra a violência em si e contra o violentador (a), e não ressaltei aqui os
fatos de opressão, submissão, entre outros, apenas a violência, porque isso é
assunto para outros textos que poderá ler aqui futuramente.
Meu corpo estremece quando sei que
alguma pessoa próxima teve que correr porque um homem a desejou e queria
força-la, eles não levam em conta a alma que há dentro daquele corpo e dizem
que pelo modo da menina se vestir e se comportar deve e merece ser violentada, isso
é um motivo horrível e quem diz e faz isso merece prisão perpétua, mas me dói
também quando um menino é assassinado porque se veste e se comporta como um
marginal, e acham que por isso o garoto deve e merece ser violentado. A questão
que digo novamente é que todos já ferimos alguém em pequenos atos ou grandes, o
que temos que fazer é lutar pela condenação de quem tem que ficar atrás das
grades e ajudar quem sofreu, não precisa pertencer a nenhum grupo social para
isso, precisa apenas ter compaixão e amor ao próximo.
Escrito por: Tatielle Katluryn
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