E minhas mãos, não irá segurar?






Talvez você não acredite, mas ele notou em mim aquilo que eu mais escondia. Ele gostou justamente do que eu odiava no meu corpo, até ria ao confessar que era apaixonado por minhas mãos finas que ele adorava segurar, e claro que eu duvidada de cada coisa bonitinha que saia da boca dele, mas confesso que me provocava arrepios e me dava uma vontade tremenda de pular em seus braços, me aconchegar ali e cantar ao pé do seu ouvido a nossa musica preferida. Ah, queria eu que o peito dele fosse uma casa na qual eu poderia morar e nunca mais sair, pois ele era a única companhia que eu queria no meu dia-a-dia.

Se num dia primaveril eu tivesse sido borboleta, ele foi o vento que me fez voar e dançar pelo céu. Se minhas lágrimas eram a chuva que queriam apagar a chama acesa da esperança de dá certo, ele soprou para longe as nuvens do meu medo e aquietou minhas dúvidas.

Queria vê-lo bem feliz por ter a mim, animado pela chance de conhecer aquilo que ninguém conhece, sonhando acordado com o nosso futuro juntos, contando a família sobre ter achado a pessoa certa para ele, é loucura tudo isso? Desejar tanta coisa ao lado de alguém sem saber se ele queria o mesmo que eu?

É certo que me apaixono facilmente, entrego a alma e não o corpo, sempre acreditei que me casaria com o homem que combine comigo, foram tantos anos me alimentando com ilusões infantis que não consegui evitar pensar em tudo isso quando o vi se aproximar sorrindo, sei que o sofrimento seria quase inevitável, e que ele talvez cansasse fácil, me deixando sem dó, porém eu dei minha cara para receber os tapas, deixei o coração bater por ele, já sentindo as dores das pancadas que receberia.

Em geral, o erro das pessoas é ver um baita oceano azul onde não tem sequer uma lagoinha. Enxergar balões de festas em funeral, sentir um gosto doce em beijos amargos, achar que a distância não influi em nada, ter saudade depois de apenas cinco minutinhos. São essas besteiras românticas que nos mantêm unidos, mas também são elas que nos separam, pois a realidade é uma bandida e sempre trata de mandar recados para os apaixonados.

Minha paixão, porque não ouso chamar aquilo de amor, me cegou ao ponto de não vê-lo indo embora. Eu gritei, não aceitei, o enchi de maldições, mas o que adiantou? Ele foi embora é claro.


Trecho do livro Ela Já Foi Verão escrito por Tatielle Katluryn

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