Guardou sua dor e foi cuidar dos outros
Ela estava ali no
canto, quietinha, calada, olhando para os próprios pés, esperando que alguém se
lembrasse de sua presença e fosse perguntar como foi seu dia, o que havia feito
e se a vida tinha deixado de ser um pouco menos cinzenta. Havia tanta coisa a dizer,
tantas vontades para compartilhar, tantos medos para confessar, porém sabia que
seria mais um momento daqueles onde todos passam e a tratam como se ela fosse a
menina que entrega folhetos na rua que as pessoas só sabem ignorar.
Eles se diziam amigos
para qualquer hora, que eram íntimos, almas gêmeas, porém ela era os ouvidos e
os outros eram as bocas, todos só sabiam falar e falar de suas próprias vidas
enquanto ela esperava alguém se importar com a dela. Eram tantas as festas, os
namoros, os términos, os problemas com os pais, e ela ouvia porque poderia se esquecer
de si mesma e tentar ajudar os outros.
E uma coisa sobre
ela: sempre gostou mais de ouvir do que de falar. Sentia um prazer estranho em
ficar muda enquanto alguma pessoa desabava sua alma sobre a dela, então ela
ouvia tudo, fazia comentários breves, então quando a pessoa parasse para
respirar e enxugar alguma lágrima que saiu sem avisar, ela pedia a Deus
sabedoria para falar aquilo que o Senhor gostaria que esse alguém ouvisse, e
dizia respostas satisfatórias para as perguntas que viviam se refazendo.
Seu coração tinha um
imã que chamava para si todos aqueles que precisavam se abrir, e ela ouvia como
se não tivesse problema nenhum para resolver e que sua vida fosse a mais fácil
e bonita. Ela adorava como os outros tinham confiança nela e por isso não se importava
tanto em ser deixava de lado, em se esquecer por minutos, horas ou dias
dependendo do caso que a pessoa apresentasse.
E tudo isso porque
acredita que enquanto é usava para ajudar os outros, Deus está curando tudo que
a faz chorar enquanto se esconde dentro do cobertor. Ela só quer levar a paz
que as pessoas precisam, o amor que lhes falta no dia-a-dia, a compressão que
não recebem, porque ela sabe como é se sentir sem ninguém, sem importância e
sem sentido.
Então ela fica
encolhida no próprio sufoco com medo de se afogar nas palavras não ditas, orando
para encontrar alguém que a faça se sentir confortável como ela faz os outros
se sentirem, ela sabe que muitos destes estão dispostos a ouvi-la porque eles
simplesmente não a usam para um único fim, alguns são de fato amigos mesmo que
a abandonem uma vez ou outra, é que a obscuridade que ela carrega pode assustar
e fazer que todos se afastem.
Por isso ela prefere
se guardar no bolso de um casaco que não sai do guarda-roupa do que retirar as
máscaras e as armaduras, para não se mostrar vulnerável como todo mundo, uma
pessoa que erra, que chora, que ás vezes quer morrer, porque não gosta da ideia
de ser uma lembrança triste na vida de alguém, ela quer ser Sol e não um buraco
negro.
Porque ela conhece a
dor e sabe que ela passa quando menos se espera, ás vezes ela dura muito, porém
nunca é eterna. Enquanto isso vai catando os cacos do coração dos outros, vai
colando as partes, botando tudo no lugar, deixando um pouco com a cara do que
era antes do furacão passar, porque ela se sente imensamente feliz em ouvir, em
acolher, em abraçar com palavras, apenas queria ter uma pessoa que fizesse tudo
isso em troca, que lhe desse o amor que ela precisa, mas ela que tem medo de
pedir e parecer fraca.
Seus dramas são
tantos, quase inesgotáveis, suas depressões se tornaram abismos, seus medos
saíram dos sonhos e agora são monstros que se escondem debaixo de sua cama, então
ela ora e pede a Deus uma pessoa que a ame quando ouvir sobre seu passado
desconhecido, que não a deixe depois de ver seu lado feio, que a entenda mesmo
quando é impossível encontrar alguma explicação, porque ela quer e merece ser
amada sem metades, sem restos, por inteiro, pelos exageros e profundidades.
E ela ficará bem,
olhará para cima e esperará a próxima estrela cadente cruzar o céu noturno.
Para complementar o texto ouça a música: Deixa eu te usar - Sarah Farias
Para complementar o texto ouça a música: Deixa eu te usar - Sarah Farias
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Escrito por: Tatielle Katluryn
Amei o texto!
ResponderExcluirVitor <3 Muito obrigada, meu anjo.
ExcluirSimplesmente incrível!
ResponderExcluirAmei seu cantinho... A maneira que escreve, quão doce é.
Você (a partir de hj) estará minhas orações, moça!
Oh Amanda, muito obrigada pelo carinho, estou precisando demais de oração. Que Deus te abençoe em dobro!
ExcluirE cá estamos novamente Kat <3... Já cansei (mentira, não cansei kkkk), de deixar palavras aqui para você, te dizendo o quão impossível isso é de sermos tão ligadas! Bom, acho que mais uma vez o meu subconsciente esteve de conversar com o seu... e mais uma vez estou aqui para te agradecer pela conexão que não é quebrada. <3
ResponderExcluirMenina, senti saudades, você sumiu <3 Oh eu fico assim me sentindo agradecida por seu carinho e logo quando me sinto tão só em alguns sentimentos e situações, obrigada mesmo. Essa conexão está sendo renovada a cada texto.
ExcluirAcredito que esteja mesmo... e acho isso incrível!! <3 Desculpe por sumir... altas tretas kkkkkkkkkkk #tamoxunto
ExcluirAmei demais que pa lavras bem escritas...
ResponderExcluirMuito obrigada, Will <3
ExcluirParece até que me conhece...Me sinto assim o tempo inteiro!
ResponderExcluirOh Dhe, não é fácil mesmo se esquecer um pouco para ouvir os outros, mas digo que não há nada mais recompensador do que ser aquela pessoa que os outros confiam. Sei que é ruim, mas veja o lado bom, porém não deixe também de se abrir, sei que muita gente está disposta a te ouvir e ajudar. Abra seu coração também a medida que os outros abrem os deles para ti.
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