O Rebatedor Medroso: As marcas da rejeição na caminhada do Menino Bonzinho de Start Up

 

 

"Você é um rebatedor medroso. Por medo de ser criticado, não consegue nem mover o taco. Mas, se continuar hesitando, você vai perder. Então seja corajoso e rebata. Você também pode ser criticado. Mas também pode fazer um home run. Chegou a hora de mostrar o que sabe." (Start Up)

CONTÉM SPOILER 

Há uma música na trilha sonora de Um Amor para Recordar que me marca até hoje. Ela se chama Learning to breath. O refrão diz assim: 

"Você precisa se mover. Precisa se mover. Você precisa levantar desse chão. Como se o hoje nunca tivesse acontecido antes..." 

Tantas vezes eu senti o Espírito Santo entoando essa canção para mim. Me pedindo para eu me mover. Falando para eu me levantar do chão. Me confrontando para eu não ficar presa ao passado. Por isso me identifiquei tanto com Ji Pyeong. Ele é um homem na faixa dos trinta anos que também tem ouvindo uma voz, no caso eletrônica, para ele se mover e se levantar desse chão do passado aonde está preso. Mas quem é esse Ha Ji Pyeong? É um personagem de uma novela coreana (dorama) chamado Start Up, traduzindo para o Brasil como Apostando Alto, disponível na Netflix.

Esse homem tem um sorriso doce e encantador. Porém, por trás disso, ele possui uma personalidade de liderança autoritária e uma sinceridade que beira a insensibilidade em algumas ocasiões. Ele não é compreendido pelos outros durante o processo de mentoria que dá para jovens que buscam investimento financeiro. É observado que as suas críticas provocam desconforto, até choro e muita revolta em alguns que o ouvem. Mas, algo que aprendi, principalmente na psicologia e com Deus, é que você não deve olhar para o comportamento em si da pessoa. Como se ele fosse um fim em si mesmo. Mas olhar para o que está escondido por trás dessa atitude.

Desde o começo, sabemos que Ji Pyeong é órfão. Ao sair do orfanato, a única companhia e representação parental que encontrou foi uma uma idosa que vendia lanche em uma esquina. Esta mulher passou a ser a sua cuidadora. Mas também quis que ele, adolescente na época, fizesse algo também por ela. Assim ambos passaram a mentir para a neta desta senhora através de cartas. Porém, tanto ele quanto essa menina chamada Dal-mi, tiveram suas carências supridas por meio desse relacionamento á distância. Se é que posso dizer assim. Ambos cresceram sentindo que o primeiro amor da vida deles começou nessa troca de cartas. Assim, na vida adulta, continuaram presos a esse episódio que tem 15 anos.

Ao reencontrar Dal Mi, ele não consegue dizer a verdade de imediato. Ele continua criando situações irreais e fantasiosas para mantê-la nos mesmos sentimentos que teve ao receber as cartas. Porém, quando a verdade é revelada, após um bom tempo, ele consegue dizer que toda a motivação dele que o fez mentir, era que nutria sentimentos por ela. Como telespectadora, eu achei que ele iria fazer algo a respeito após essa confissão. Mas o que vemos é um Ji Pyeong um tanto distante e sem conseguir investir nesse relacionamento. Ao ponto de Dal Mi se apaixonar por uma pessoa que ela apenas fantasiou. Assim começando a namorar com o Nam Do San. 

O que quero dizer aqui são dois pontos: A pessoa se apaixona através do cuidado. Uma menina que já amou uma pessoa que não viu, mas se sentiu amada, abraçada e ouvida através de cartas. É a mesma garota que se apaixonou por um homem, que mesmo tendo mentido para ela, no caso o Do San, demostrou milhares de vezes um cuidado especial. Esses detalhes atenciosos, feitos através de uma "mão grande", fizeram toda a diferença. O segundo ponto é que Ji Pyeong, apesar de ter tido três anos na ausência do ex-namorado de Dal Mi, não conseguiu progredir e nem investir na relação. Ele foi se aproximando aos pontos, principalmente através da avó da moça. Mas sem conseguir mostrar um carinho, afeto e demonstrações de que continuava apaixonado por ela. Vemos claramente uma espécie de síndrome da rejeição. Quando a pessoa teve um evento traumático passado que continua ditando como se deve viver hoje em dia. Assim ele tenta dar uns passos rumo ao seu objetivo, como comprar um presente para Dal Mi, mas os resquícios do seu passado voltam tão fortes, que ele se sente totalmente impedido de se mover. Ele não age conforme seus sentimentos, mas fica parado segundo o seu medo extremo de ser rejeitado, abandonado e esquecido outra vez. 


Também a série não mostra em detalhes a trajetória que ele teve da sua adolescência até a vida adulta. Não fazemos ideias de quantos "nãos" ele recebeu. Mas o analisando a partir do tanto de não que ele diz aos outros, também a forma um tanto hostil que pode agir ás vezes, essa caminhada não foi nada fácil. Ele pode está se comportando assim também a partir das críticas, nãos e das pessoas que não acreditaram que um menino órfão seria capaz de fazer. Portanto, uma pessoa quando passa por uma situação de abandono, como o nosso querido personagem de O Livro Perdido de Yarin Davies, o Theodor Delacroix, pode carregar resquícios desse trauma até a vida adulta. Quando sofre uma outra perda, como aconteceu com Theo, ele se sente profundamente culpado e passa a ter medo de dar um passo outra vez. Mas o personagem que mais se parece com o Ji Pyeong é o Lee Kwan. No livro vemos que ele esconde por trás do seu orgulho, personalidade autoritária, sorrisos sarcásticos e opiniões fortes, uma pessoa profundamente presa a um trauma passado. Todavia, diferente de Ji Pyeong, o nosso Lee Kwan quando percebe que pode perder a pessoa que ele ama, tenta se mover e mostrar algum tipo de cuidado.



O que esperamos é que o meu queridinho, sim eu sou Team Good Boy, possa se mover. Que ele respire fundo e vá apesar do medo. Porque ele nunca vai saber o que aconteceria caso não tente. Eu já prevejo a Dal Mi ao lado do Do San. Mas quero ver aqueles vinte segundos de uma coragem insana no nosso menino bonzinho. Mas caso não aconteça, precisamos aceitar que até mesmo na vida real ficamos presos a traumas. Eu mesma já tive várias vezes crises de ansiedade porque tinha medo de algo dar muito errado e eu ficava parada olhando um presente em minhas mãos. Uma dádiva e oportunidade que Deus me deu sendo desperdiçadas por medo. Nós podemos ter três anos, ou mais, para nos movermos. Mas a dor que escondemos é tão grande que continuamos presos. 

Oro para que qualquer pessoa nessa situação, inclusive eu, possamos dar o passo necessário para fora desse calabouço. Segurarmos nas mãos do nosso Deus e permitirmos que Jesus cure nossas feridas. Deixar o Espírito Santo nos levar para onde devemos ir. Porque temos uma missão aqui. O Ji Pyeong tem a missão de ser mentor, o professor, ajudar, mesmo que anos atrás ele tenha sido abandonado. Vemos que apesar de ter sido ferido, ele tem grande potencial para gerar cura e capacitar outros. Assim vemos que nada é impossível. Tudo podemos dar um novo significado. O meu veio de Deus. Aquele que me cura. Porque quando eu me questiono: "O que farei? Posso agir assim? O que dirão de mim?" Minha resposta á minha alma sempre deve ser: "O que Deus pensa ao meu respeito e o Ele que quer para mim é o que deve importar!" Que seja assim para você também. Fale com Deus a respeito dos seus sentimentos. Também procure ajuda profissional caso tenha se identificado com este relato.

Aproveite para conhecer O Livro Perdido de Yarin Davies! Você também vai se apegar a cada personagem e torcer imensamente por cada um deles durante o processo que eles passam.


Escrito por: Tatielle Katluryn
"As palavras que eu digo não são propriamente minhas,
 mas do Pai que vivem em mim." João 14:10
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Comentários

  1. Depois dessa conclusão toda, fico na dúvida, como no livro Lee ou Theo... Medo é a palavra chave,que trava a pessoa de um modo inexplicável, e que quem consegue quebrar essa chave terrível é Deus... Entendo o menino bonzinho, porém o Na sofreu em alguns aspectos,como posso falar sobre o personagem dele, ele omitiu um fato, por uma questão de uma prova,e depois desse episódio, seus pais ciraram muita espectativa sobre ele, quando nem mesmo ele se sentia capaz de tanto, e isso o machucou durante 15 anos, e ao mentir de novo, agora pra uma pessoa que ele tava gostando, veio um furacão na vida dele, e ele se encontrou novamente em uma tempestade.As vezes me sinto assim, pessoas que criam espectativa sobre mim, quando eu mesmo não sei como proseey, e as vezes aquelas pessoas que colocam agente pra cima com tantas expectativas, são as mesma que nos colocam no chão, quando algo da errado... Então o fato de estamos de pé é a misericórdia de Deus, e o seu amor, que é puro e incondicional, porque a todo tempo Ele está nos dizendo pra prosseguir,ou se mover 🥺💙 Leia o livro (O livro perdido de Yarin Deives) é incrível, vcs vão se apaixonar pelo Theo kkkk🎈

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    1. Sim, o Nam do San também tem as suas dores e próprios problemas para resolver. O mais admiro nele e no nosso Theo é que ambos conseguem se mover apesar do passado. Eles pelo menos tentam.

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  2. Lindo <3. Na vida, uma parte de nos sempre vai precisar se mover e caminhar, mesmo com medo e dor. Lembro que a primeira vez que fui pregar, estava muito ansiosa e Deus apenas me disse: você dá o primeiro passo e darei dois com você. Sinto que nos meus dois últimos ano aprendendo psicologia, entendi que minhas atitudes tem mais a ver sobre mim e como vejo mundo, do que a pessoa que me causou. Pena que não terminei de ver o dorama, mais amei o que você disse. Também compreendi que quando Deus nos chama para deixar a cova onde colocamos nosso sonhos, ir adiante e porque vai conosco. ><

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