Algumas pessoas vivem entre o passado que não superam e o futuro que lhes dá medo
Muitas pessoas já
responderam a pergunta “Se você pudesse voltar ao seu passado e fazer algo, o
que faria?”. A maioria diz que mudaria isso e aquilo, que não conheceria tal
pessoa, que faria todo o esforço possível para conhecer outra, que escolheria determinado
curso na faculdade, que não aceitaria entrar em seu trabalho atual, que iria
morar em uma cidade diferente, que amariam mais as pessoas antes dela partirem,
que teriam mais cuidado para não machucarem seus amigos, que passariam mais tempo
com a família, e por aí vai. As pessoas tentariam transformar aquilo que elas
mesmas fizeram, iriam tomar outra direção, fazer uma escolha nova e trilhar um
caminho desconhecido que poderia ter mudado todo o rumo de suas vidas. Mas até
hoje não inventaram a tal máquina do tempo que tem o poder de nos levar de
volta aos dias passados, então a triste, ou feliz, noticia é que aquilo que
temos e somos hoje é o suficiente para tomarmos uma postura diferenciada que
tem também o poder de mudar nosso futuro.
Pois nunca é tarde para
tomarmos um rumo que não ousamos ir antes, mas é custoso, trabalhoso e exige de
nós esforço para lutarmos por aquilo que enche nosso peito de luz, que queima o
coração de desejo e que nos dará uma enorme satisfação. E quanto mais se pensa
nesse amanhã que chegará e o que faremos dele, algo ruim inunda o corpo e o faz
tremer, pois se antes errou em algumas decisões, qual é a probabilidade de não
falhar novamente agora? Qual são as chances de outra vez trilhar caminhos que
levaram a abismos? O medo assusta. O medo paralisa. O medo impede o nosso agir.
Mas o medo aliado a lembranças passadas que são desagradáveis faz a experiência
do novo se tornar ainda pior, pois quando tentamos dar aquele primeiro passo
decisivo algo em nós grita o tombo que levamos antes. Diz que pode acontecer de
novo, que não há certezas, garantias, segurança. E todos esses pensamentos
geram um ciclo vicioso de quando se tenta andar, então o medo vem, as
lembranças nos encham, e ficamos no mesmo lugar até termos um pouco de coragem
de tentar outra vez.
Porém nós não fomos
criados nem para ficarmos aprisionados ao passado e nem para temermos o futuro.
Não nascemos para carregar uma mala pesada por aí cheia de memórias dolorosas, mas
nós viemos para o recomeço porque o Criador de tudo sabia que iriamos falhar, porém
para cada novo erro Ele nos daria uma nova chance. Então ficarmos vivendo
constantemente o ontem é dizer a Deus que não aceitamos o recomeço. É falar que
estamos bem apesar do cansaço ao nadar num mar de lembranças e que não
aceitaremos nenhum resgate, e nem sequer um bote salva-vidas. É recusar um
curativo para uma ferida que não para de sangrar, é achar que podemos nos curar
sem tomarmos nenhuma providência. E que o futuro não traz nada de bom para nós,
que ele é nebuloso, incerto, assustador, e por isso preferimos continuar nesse
pedaço de passado aonde construímos nossa casa e sabemos de tudo que existe ao
nosso redor. Mas Ele novamente sussurra para nós: “Vocês não foram criados para
viverem assim. Em mim há liberdade. Saiam de suas prisões”.
“Porque Sou Eu que
conheço os planos que tenho para vocês”, diz o Senhor, "planos de fazê-los
prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro.”
(Jeremias 29:11) Planos esses que podemos conhecer a medida que vamos até Ele
em oração e nessa relação de Pai e filhos iremos sendo capacitados para o nosso
propósito. De permitirmos nossa vulnerabilidade e nos despirmos das máscaras
que nos escondem, e sermos aquelas pessoas medrosas, com lados sombrios e
sonhos impossíveis, porque é mostrando o que somos que podemos receber a luz
que irá nos tirar da escuridão. A luz que será o farol que mostrará o caminho
enquanto vagamos perdidos em saber para onde ir. Essa luz que além de guiar tem
o poder de consolar, curar o passado, secar as lágrimas e nos pegar no colo se
estivermos cansados demais para andar. Essa luz que é Jesus.
Mas até para aquele que
não tem fé ou tem outra crença, ainda há saídas para ele sair de seu calabouço e
respirar o ar fresco que rodopia do lado de fora. O melhor jeito de começar é perdoando
a si mesmo e aos outros, sabendo que todo humano é propenso ao erro e que pode
ferir até mesmo quem mais ama. Reconhecendo que nós infelizmente perdemos
tempos demais com coisas sem importância e que muitas vezes percebemos tarde
que perdemos oportunidades valiosas ao lado de quem amamos. Mas essas certezas
de nossas falhas não podem nos paralisar e sim nos empurrar em direção a
reconstrução do “eu” onde seremos mudados, moldados e amadurecidos. Que o erro
de ontem é um aprendizado daquilo que pode não ser mais cometido no futuro e
que vamos sair dessa batalha mais capacitados para vencermos a próxima luta. Porque
a vida está aqui acontecendo a todo momento e ela nos quer em movimento, não
parados pelo medo, não parados pelas lembranças, mas corajosos ao ponto de
pegarmos tal medo, tais lembranças, e colocarmos tudo isso debaixo do braço e
irmos assim mesmo. Pois às vezes a cura
vem instantemente, mas em outros casos ela vem progressivamente á medida que
avançamos sem olhar para trás.
Escrito por: Tatielle Katluryn
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