Ela estava numa multidão e se sentia só por não pertencer a alguém
Quando se
está no meio de uma multidão é o momento que mais dói não se sentir pertencente
a uma única pessoa. E era assim que ela estava se sentindo: sozinha. Algo clichê,
estar no meio de um grupo de pessoas e ter algum tipo de contato com elas, até
uma amizade e companheirismo quando se precisa de ajuda, mas no fundo a solidão
bate e deixa marcas rochas na pele que reveste seu coração. E ela queria tanto
sentir um refúgio dentro de um abraço, saber que ouvirá de vez em quando um eu
te amo e dar beijos demorados antes de virar as costas e dar tchau.
Ela
sonhava com o dia que tudo seria diferente, quando não seria apenas a amiga de
alguém, mas a namorada, a noiva, a esposa e a mãe dos filhos dele. Queria que
ele lhe desse motivos para todo dia se apaixonar mais um pouco por ele e que entendesse
que ela era distinta das outras garotas. Era mais fria, irônica, não era muito
carinhosa e nem romântica. Tinha seu próprio jeito que era confundido com falta
de jeito. Era feliz e séria ao mesmo tempo, pois apesar de sorrir levava quase
tudo ao pé da letra e na seriedade.
Que ele
entendesse que ela demora para confiar nas pessoas e que por isso não deve
desistir se estiver se esforçando demais para conquista-la. Mas que quando se
consegue, é para sempre. Mas enquanto esse alguém tão especial não chega, ela
vai se sentindo cada vez menor, como se todos a sua volta crescessem,
amadurecessem, evoluíssem, enquanto ela se torna mais menina, mais teimosa e
mais medrosa. Ela na verdade já elegeu uma palavra para se definir: Covarde.
Sei que é uma palavra forte e que não deve ser usada com frequência, pois pode
machucar profundamente, mas é assim que ela se sente, a maior covarde desse
mundo.
Pois ela
tem sonhos e tem medo deles, ela sai correndo quando alguém se aproxima e tenta
algo. Entretanto, não são muitos os caras que fazem algo, pois ela não é o tipo
que faz os homens lutarem. Ela só está lá parada tentando ser quem é e não
assustar ninguém com isso. Mas depois de anos sem alguém tentando tê-la para
si, aparece alguém e ela o trata com frieza, sem interesse e empolgação, porque
acha que assim vai fazê-lo ir embora. Porém quando se vê na multidão e sente
falta de uma mão na sua para guia-la, ela percebe que poderia ser ele ali, ao
seu lado e lhe dando a mão. Que poderia ser ele que lhe compraria sorvete e
batata-frita, que lhe daria um livro de presente fora do dia do seu aniversário
e natal.
Mas quem
era ela para ter coragem e dizer que seria ele e que não importa o quanto o
tempo passe? Que sempre vai sentir um peso que a fará cair sobre a cama e
molhar seu travesseiro, quando lembrar que poderia ter sido ele aquele que
faria ela se sentir única no mundo. Entretanto, o que fazer? A multidão está
cada vez mais numerosa e as pessoas a estremem cada vez mais. Ela se sente
sufoca e quer um pouco de ar. Mas não qualquer ar e sim respirar no mesmo ar
que o rodeia, estar envolta por seu perfume e sentir os músculos de seus braços
se flexionando em volta de suas costas.
Quer
ouvir a risada dele e que o riso dela se confunde, funde e difunde no dele. Ela
quer ser única, mas única nele, com ele e para ele. Saber que ela será a
primeira pessoa para quem ele ligará quando algo der errado ou muito certo. Que
é ela com quem ele vai querer construir uma família e chamar os pais dela de
sogros. Mas será se deve ir e falar com ele? Ou esperar que ele volte e diga
que sente sua falta? Não sabe. Continua parada e a multidão agora grita. Eles
também querem que ela seja feliz e alguns acham que era ele o cara certo e
imperfeito que a faria se sentir a mulher mais incrível desse mundo. E eles
dizendo isso só reafirmam a solidão que a engole toda vez que saí de casa para
enfrentar a existência.
E ela
cansou. Cansou de ser assim tão covarde e se esconder de quem quer lhe mostrar
a luz, que quer tira-la dessa caverna escura onde se escondem aqueles que têm
medo de amar. Pensar nisso a faz ter um momento insano. Cansada de fugir ela
decidi ir até ele. Ela vai lá e diz somente: “Sinto sua falta. Está tudo bem
contigo?”. Segundos depois de chegar a boca bateu aquele velho arrependimento,
mas ele sorri de uma forma tão doce que algo se acende dentro dela, como se a
frieza estivesse descongelando. Ele sorri e sem dizer nada a envolve com seus
braços. E naquele abraço sentiu que poderia perder o teto, mas não ficaria sem
casa, pois ali havia se construído seu novo lar.
Escrito por: Tatielle Katluryn
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